Intervenções n.º 1, Novembro de 2012
Intervenções n.º 1, Novembro de 2012
Intervenções desenvolvidas no Instituto Politécnico de Tomar no âmbito dos cursos de licenciatura e de mestrado em Conservação e Restauro e no âmbito de outras actividades
http://www.cr.estt.ipt.pt/i/i1.pdf
visitas guiadas
Até 09 de dezembro | Ter a Dom | Fábrica Asa
Edifícios e Vestígios
Edifícios e Vestígios é um projeto experimental que articula diversas áreas do conhecimento, ensaiando uma reflexão multidisciplinar sobre o espaço e o edificado pós-industrial. A dimensão cultural dos espaços será investigada na interseção de áreas tradicionalmente de conhecimento do espaço (Arquitetura e Geografia) com áreas de criação artística (Artes Visuais, Literatura ou Fotografia), e ainda áreas de interpretação cultural (Antropologia, Etnografia e História).
Visitas Orientadas a Exposições
Nas visitas orientadas, cada grupo é recebido com um percurso desenhado à medida da sua curiosidade, adaptado à faixa etária, à linguagem e aos propósitos que traz consigo.
Mais do que contextualizar as obras expostas, estes encontros procuram proporcionar experiências que aproximem o público das formas artísticas, na perspetiva de suscitar múltiplas interpretações e diálogos. Desenvolvem-se ações de natureza diversa, numa perspetiva de construção comum, envolvendo a participação ativa do público, dos visitantes-participantes.
Público-alvo Maiores de 4 anos
Preço 10 eur / grupo
Lotação 1 turma / 25 pessoas
Atividade sujeita a marcação prévia com, pelo menos, uma semana de antecedência através do email servico.educativo@guimaraes2012.pt.
jornal o Povo _ entrevista escrita sobre E&V
o Povo – Como surgiu a ideia para começar este projecto intitulado “Edifícios e Vestígios”?
Inês Moreira – Guimarães, tal como tantas outras cidades europeias, tem um vasto parque industrial em uso e em estado de abandono. Um dos usos que a cultura explora nos edifícios da antigas indústrias é enquanto espaço de exposição, de espectáculos e de eventos, como na Fábrica ASA, na LX Factory em Lisboa, ou no Matadero em Madrid. Conhecendo esta realidade, procurámos ir além da fábrica enquanto contentor temporário e procurar outros destinos, dos usos informais, às abordagens técnicas das engenharias, aos testemunhos dos trabalhadores que aí passaram parte das suas vidas. A ideia foi expandir a leitura do passado e do futuro destes espaços, para além dos usos de um edifício.
oP- Numa altura de debilidade da indústria têxtil no Vale do Ave, esta pode ser uma nova forma de pensar os espaços pós-industriais e pensar nas suas potencialidades? Acredita que esta exposição pode ser uma exposição com um significado especial para esta população tão ligada à indústria?
IM – Este projecto repensa o património industrial e a memória do passado local através de disciplinas contemporâneas como a arte, o design, o cinema, mas também a engenharia, a arquitectura e a conservação e restauro. Abordámos o passado explorando várias possibilidades para o seu uso futuro, por exemplo, o Arquivo da Fábrica Confiança trabalhado pelo designer Nuno Coelho mostra o passado áureo daquela fábrica, e toca o nosso imaginário colectivo, mas interessa-me especialmente a investigação técnica e a sistematização ali investida, que poderão vir a dar origem a um Museu sobre aquela empresa. Do mesmo modo, o uso do mobiliário e de achados da Fábrica ASA, além de criar uma cenografia efémera, abre caminho para um levantamento mais sério da herança da produção industrial. Ou ainda a mostra da colecção de rótulos de fábricas têxteis do Sr. Meireles e do Sr. Raimundo, dois coleccionadores locais, é sedutora em termos de visualidade local e permite-nos rever os assentamentos industriais, as suas fábricas, chaminés açudes, e outros elementos de interesse espacial. Construímos um remate de chaminé de tijolo com 5 metros, uma técnica desaparecida há mais de 50 anos que tivemos de reinventar com a FEUP. Também o nosso livro explorará a visualidade de catálogos luxuosos dos anos 60, encontrados há dois anos em fábricas têxteis abandonadas, e reinventando o design técnico e a imagem de catálogo. No fundo, creio que a exposição toca o público local mas tem uma forte ambição de ir além em termos de investigação e de metodologias para o futuro.
oP – Edifícios e Vestígios foi um projecto que demorou quanto tempo a ser preparado? Quantas pessoas estiveram envolvidas nesta “criação” que envolve uma série de componentes?
IM – O projecto é uma grande exposição e um livro, e esteve apoiada num trabalho de investigação de cerca de 2 anos. Montámos uma equipa multidisciplinar e internacional interessante, sendo a outra curadora (Aneta Szylak) ligada à literatura e eu arquitecta, convidámos artistas e criadores de diversos países na Europa, e depois estendi a equipa a um grupo de profissionais que cruzam a excelência da investigação académica com a forte produção cultural: historiadores, museólogos, arqueólogos, designers, arquivistas, fotógrafos, conservadores, todos eles produziram novos projectos explorando a experimentação dentro de cada uma das áreas. Foi um desafio muito grande para todos nós, uma equipa de cerca de 50 pessoas, entre autores, investigadores e técnicos. Envolvemos também projectos existentes na cidade, como o Reimaginar Guimarães, a Associação Muralha, a ACIG, a ADRAVE, ou a Sociedade Martins Sarmento.
oP – Desde que abriu ao público a exposição, em Setembro, qual tem sido o feedback recebido?
IM – Um nível muito interessante é que a exposição está a circular “boca-a-boca” pois toca pessoas muito diversas que chamam públicos locais: famílias de trabalhadores e ex-industriais; artistas e criadores; vizinhos da fábrica ASA que com curiosidade participam nos eventos e nas refeições colectivas. A um nível mais profissional, as diversas comitivas de estrangeiros que nos visitaram estabelecem paralelismos com outros sítios industriais na Europa e com eventos culturais de ambição como a CEC2012. Teremos visitas guiadas todos os sábados para explorar temas específicos, como a têxtil, as minas, ou a técnica. Não sendo um projecto fácil, foi pensado para chegar a um público muito abrangente (inclusivamente na informação fornecida pelas tabelas). Gostávamos também de ouvir os ecos na imprensa local…
oP – Em Dezembro sairá o livro que será o resultado, no fundo, deste processo criativo. O que espera poder vir a contar neste livro?
IM – O livro regista o projecto em duas linhas que são uma excepção no panorama português: dando espaço para o registo na 1ª pessoa às diversas metodologias e disciplinas que se envolveram na investigação, sublinhando o carácter investigativo e experimental; e documentando de um modo bastante detalhado esta exposição com cerca de 3000m2, que é uma oportunidade única de poder realizar e ver acontecer. Espero assim que este seja um modo de podermos transmitir o processo por detrás do conceito, bem como a experiência da visita à Fábrica ASA, neste final de 2012.
chaminé de tijolo _ brick masonry chimney
Chaminé de alvenaria de tijolo
Brick masonry chimney
Após mais de 50 anos de abandono, o projecto Edifícios & Vestígios recupera a técnica para a construção de uma chaminé de 20 metros.
After the abandonment for more than 50 years, Buildings & Remants project reenacts the technique to build a 20 meters chimney.
conceito / concept: Susana Medina (Museu da FEUP)
consultor e estruturas, consultant and structures: Prof. Anibal Costa
construção / building: AOF
edição e câmara / editing and camera: Telmo Domingues para E&V
um projecto de Inês Moreira e Aneta Szylak para Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura
a project by Inês Moreira e Aneta Szylak for Guimarães 2012 – European Capital of Culture
visitas guiadas à exposição
semana 1:
29 Setembro, 18h (sáb.)
Tema: A exposição Edifícios & Vestígios
Guias: Inês Moreira e Aneta Szylak (curadoras E&V), *pt. **eng. (org. E&V)
30 Setembro, 19h (dom.)
Tema: O estaleiro naval de Gdansk e a polifonia dos seus espaços
Guia: Aneta Szylak (curadora E&V), **eng. (org. UR)
1 Outubro, 18h30 (2ª feira)
Tema: Entre Investigação académica e curadoria: Edifícios & Vestígios
Guias: Inês Moreira e Aneta Szylak (curadoras E&V), *pt + **eng. (org. FCG / U. Minho)
semana 3:
11 Outubro, 16,30h (5ª feira)
Tema: visita Edifícios & Vestígios, **eng (org. FCG)
12 Outubro, 15h (6ª feira)
Tema: Edifícios & Vestígios: enfoque na Arte e Design
Guias: Inês Moreira (curadora E&V), *pt (org. FBAUP)
semana 4:
13 Outubro, 10,30h (sáb.)
Tema: visita Edifícios & Vestígios, **eng (org. FCG)
13 Outubro, 15,00h (sáb.)
Tema: Edifícios & Vestígios: enfoque na Arquitectura
Guia: Inês Moreira (curadora E&V), *pt (org. E&V)
semana 5:
20 Outubro, 18,30h (sáb.)
Tema: Espacialidades, Afectividades e Performatividades: o som e a memória pós-industrial
Guia: Inês Moreira (curadora E&V), **eng. (org. Projecto Europeu Soft Control / FBAUP)
semana 6:
3 Novembro, 11h (sáb.)
Tema: A Fábrica do Moinho do Buraco: histórias da Indústria Têxtil em Guimarães
Guia: Mariana Jacob (investigadora em Museologia), *pt. (org. E&V)
semana 7:
10 Novembro, 10h (sáb.)
Tema: Visita guiada à exposição, *pt. (org. FCG)
10 Novembro, 11h (sáb.)
Tema: Pensamento técnico e técnicas da Engenharia Pós-Industrial
Guia: Susana Medina (Museu da Faculdade de Engenharia Univ. Porto), *pt. (org. E&V)
10 Novembro, 16h (sáb.)
Tema: Visita Guiada ao Mestrado de Património e Turismo, *pt. (org. FLUP)
semana 8:
17 Novembro, 10h (sáb.) **contactar FCG
Tema: Guias Improváveis: Chaminés industriais, os segredos da sua construção e identificação na paisagem
Guias: Prof. Aníbal Costa (FEUP) e Eng. Filipe Ferreira (AOF), *pt. (org. FCG)
22 Novembro, 11h (5ª)
Visita guiada estudantes ESAP 2 (org. E&V)
semana 9:
24 Novembro, 11h (sáb.)
Tema: Minas e indústrias da extracção: o caso da Borralha
Guia: Pedro Araújo (investigador em Museologia), *pt. (org. E&V)
semana 10:
4 Dezembro, 11h (3ª)
Visita guiada estudantes ESAP 2 (org. E&V)
semana 11:
8 Dezembro, 16h > 19h (dom.)
Tema: visita maratona pré-desmontagem (último dia!)
Guias: Nuno Coelho – design; Susana Medina – museologia; Pedro Araújo – oralidades; Jonathan Saldanha – sonoridade; Mariana Jacob – arqueologia; Patrícia Azevedo Santos – materialidade; Eduardo Brito – fotografia; Tiago Hespanha – cinema; Ricardo Triães + Cláudia Falcão – conservação; The Decorators – designers, *pt. + **eng. (org. E&V)
On Buildings and Remnants: a conversation on Solidarnosc Shipyard (Gdansk)
Septembre 30th, 5pm – 7pm
ASA Factory, Covas, Setor G
The group of Polish artists participating in this show: Grzegorz Klaman, Michał Szlaga, Konrad Pustoła, Julita Wójcik, Dorota Nieznalska, Alicja Karska and Aleksandra Wendt with Buildings and Remnants co-curator Aneta Szylak will involve into conversation around the decline of industrial and modern heritage in today’s Poland, where neo-liberal order implemented after 1989 comes together with the rejection of the material heritage of the Communist times. Having the legendary Gdansk Shipyard as a core example the speakers will introduce their work in the show and reflect upon the role of contemporary artists in documentation and recontextualization of the modern and industrial heritage. This will be presented with the example of the dialogic form of public consultancy to transform the intentions of the investors and municipality into collective participatory city planning.
Sobre Edifícios e Vestígios: conversa sobre o Estaleiro Naval do Movimento Solidariedade (Gdansk)
30 de Setembro, das 17h – 19h
Fábrica ASA, Covas, Setor G
O grupo de artistas polacos que participam na exposição Edifícios e Vestígios: Grzegorz Klaman, Michał Szlaga, Konrad Pustoła, Julita Wójcik, Dorota Nieznalska, Alicja Karska e Aleksandra Wendt e a cocuradora Aneta Szylak irão conversar sobre o atual declínio do património moderno e industrial da Polónia, num contexto marcado, a partir de 1989, pela emergência da ordem neo-liberal que, por sua vez, trouxe consigo a rejeição do património material dos tempos do comunismo. Partindo do exemplo paradigmático dos lendários estaleiros navais de Gdansk, os participantes, recorrendo aos seus trabalhos presentes na exposição, procurarão refletir sobre o papel dos artistas contemporâneos na documentação e recontextualização do património moderno e industrial. No âmbito mais alargado, do planeamento da cidade, trazer-se-á à colação, a forma dialógica de consultoria pública, com o objetivo de transformar as intenções dos investidores e dos municípios num processo participativo coletivo.
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